Micro1 arrecada 35 milhões e reforça corrida aos dados para IA

A Micro1 conseguiu 35 milhões de dólares numa ronda Série A que eleva a avaliação da jovem empresa para 500 milhões de dólares. O investimento foi liderado pela O1 Advisors, sociedade de capital-de-risco fundada por Dick Costolo e Adam Bain, antigos responsáveis da Twitter. Bain passa, igualmente, a ocupar um lugar no conselho de administração da startup, juntando-se a Joshua Browder, presidente-executivo da DoNotPay.
Financiamento visa colmatar lacuna deixada pela Scale AI
Fundada há três anos, a Micro1 presta serviços de recrutamento e gestão de contratantes humanos que etiquetam e criam dados para treinar modelos de inteligência artificial. O negócio ganhou tração após a Meta investir 14 mil milhões de dólares na Scale AI e contratar o respetivo diretor-executivo, um movimento que levou laboratórios como OpenAI e Google a reduzirem a dependência daquela fornecedora. Segundo o presidente-executivo Ali Ansari, de 24 anos, a Micro1 já colabora com vários laboratórios de referência, incluindo a Microsoft, bem como com diversas empresas da Fortune 100.
A empresa regista atualmente 50 milhões de dólares em receita anual recorrente, valor que contrastava com os 7 milhões obtidos no início de 2025. Embora fique abaixo de concorrentes como a Mercor (450 milhões) ou a Surge (1,2 mil milhões em 2024), o crescimento tem sido considerado sólido.
Recrutamento especializado e novas ofertas virtuais
Para responder à procura por dados de maior qualidade, a Micro1 desenvolveu a Zara, uma ferramenta de recrutamento baseada em IA que entrevista e valida candidatos. O sistema já selecionou milhares de especialistas — entre eles professores de Stanford e Harvard — e a empresa planeia acrescentar centenas de novos peritos semanalmente. A estratégia centra-se em perfis qualificados, como engenheiros de software, médicos ou escritores profissionais, considerados essenciais para melhorar a precisão dos modelos de IA.

Imagem: Getty via techcrunch.com
Além do etiquetamento tradicional, a Micro1 prepara produtos direcionados para “ambientes” virtuais, utilizados no treino de agentes de IA em tarefas simuladas. A empresa pretende assim diversificar a oferta num mercado onde os laboratórios costumam repartir a procura por vários fornecedores, dificultando a criação de um operador dominante.