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Meta elimina referências a abuso infantil em estudo de realidade virtual

A Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, terá suprimido testemunhos sobre abuso infantil num relatório interno dedicado à segurança de menores nos seus dispositivos de realidade virtual, indicam atuais e antigos funcionários citados pelo jornal Washington Post.

Relatos apagados e instruções de advogados

Segundo as mesmas fontes, advogados da tecnológica pediram a investigadores que retirassem conclusões consideradas sensíveis, com o objetivo de evitar escrutínio regulatório ou ações judiciais. O caso mais concreto ocorreu na Alemanha, em abril de 2023, quando um adolescente relatou que o irmão de 10 anos recebia propostas de caráter sexual de adultos enquanto utilizava um visor de realidade virtual da Meta. A gravação da entrevista e as notas correspondentes terão sido eliminadas por ordem de um responsável da equipa de pesquisa.

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A documentação entregue recentemente ao Congresso dos Estados Unidos mostra ainda mensagens internas em que um advogado aconselha os investigadores a não recolher dados que comprovem o acesso de menores de 13 anos aos dispositivos, “devido a preocupações regulatórias”.

Meta rejeita acusações

Confrontada com as revelações, a porta-voz Dani Lever negou qualquer tentativa de ocultação, classificando as informações como “costuradas” para criar uma narrativa falsa. A empresa afirma não existir proibição geral sobre estudos que envolvam menores e garante ter incluído pais e jovens no desenvolvimento de funcionalidades de segurança, como bloqueio de utilizadores suspeitos e controlos parentais.

Meta elimina referências a abuso infantil em estudo de realidade virtual - Imagem do artigo original

Imagem: uol.com.br

A Meta sustenta que eventuais eliminações de dados destinam-se a cumprir a lei federal norte-americana sobre privacidade infantil e o Regulamento Geral de Proteção de Dados europeu, que restringem a recolha de informação de menores sem consentimento verificável dos tutores. Um dos investigadores envolvidos contrapõe que, no caso alemão, a mãe assinara autorização prévia e participou na entrevista, pelo que a remoção não se justificaria.

Preocupação contínua com riscos para menores

Especialistas alertam há vários anos que plataformas de realidade virtual podem expor crianças a contacto direto com predadores, dada a natureza imersiva e em tempo real da tecnologia. Os documentos agora divulgados sugerem que a Meta tinha conhecimento de que utilizadores abaixo da idade mínima acediam aos seus visores antes de reforçar controlos, na sequência de investigações da Comissão Federal de Comércio dos EUA.

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