Descoberta no LIGO revela fusão de buracos negros e confirma teorias de Einstein e Hawking

Investigadores do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferómetro Laser (LIGO), nos Estados Unidos, identificaram uma nova fusão de buracos negros com detalhes até agora inéditos. O sinal, registado em 14 de janeiro nos detectores de Hanford (Washington) e Livingston (Louisiana), oferece a medição mais precisa do chamado «ringdown», fase que sucede à colisão.
Colisão a 1,3 mil milhões de anos-luz
Os dados indicam que dois buracos negros, com aproximadamente 34 e 32 massas solares, orbitavam quase à velocidade da luz antes de se unirem numa fração de segundo. O objeto resultante possui cerca de 63 massas solares e gira a cerca de 100 rotações por segundo. A libertação de energia, equivalente à destruição de três sóis, propagou-se em forma de ondas gravitacionais cuja origem foi localizada a 1,3 mil milhões de anos-luz da Terra, numa galáxia para lá da Via Láctea.
Precisão inédita do «ringdown»
O «ringdown» surge quando o novo buraco negro oscila e estabiliza, produzindo vibrações comparáveis ao som de um sino. Melhorias implementadas no LIGO ao longo da última década — como filtragem de ruído e calibração mais rigorosa — permitiram medir esta fase com clareza sem precedentes. A qualidade do sinal ajuda a quantificar a energia perdida e a dinâmica da região envolvente após a fusão.
Confirmações teóricas
Os resultados corroboram previsões centenárias de Albert Einstein sobre ondas gravitacionais, propostas em 1916 na teoria da relatividade geral. Além disso, sustentam a hipótese formulada por Stephen Hawking na década de 1970, segundo a qual a área total da superfície dos buracos negros não diminui após uma fusão. Neste evento, a área conjunta aumentou de cerca de 240 000 km² para aproximadamente 400 000 km², em linha com o teorema do físico britânico.

Imagem: uol.com.br
A detecção reforça o papel das ondas gravitacionais como ferramenta essencial para estudar fenómenos invisíveis à astronomia tradicional baseada em luz, abrindo caminho a observações ainda mais detalhadas sobre a estrutura do espaço-tempo.