Astrónomo de Harvard propõe missão suicida da Juno ao cometa 3I/ATLAS

O astrónomo Abraham “Avi” Loeb, da Universidade de Harvard, sugeriu que a NASA redireccione a sonda Juno, atualmente em órbita de Júpiter, para interceptar o recém-descoberto objecto interestelar 3I/ATLAS.
Objecto invulgar e janela de oportunidade
Detectado em 1 de Julho pelos telescópios do projecto ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS é o terceiro visitante proveniente de fora do Sistema Solar já registado. As previsões indicam que atingirá o periélio em 29 de Outubro, deslocando-se entre Marte e a Terra sem risco de colisão. Segundo Loeb, a sua passagem próxima de Júpiter cria uma ocasião rara para recolher dados directos, caso a Juno consiga alterar a órbita a tempo.
A proposta depende do combustível remanescente na sonda, cuja missão principal termina com uma descida controlada para a atmosfera de Júpiter. A manobra de intercepção teria de ser iniciada oito dias antes desse mergulho final, convertendo a Juno numa missão “kamikaze” com o objectivo de obter medições próximas do cometa.
Possível origem artificial em debate
Num artigo ainda sem revisão por pares, Loeb e dois co-autores avançam a hipótese de o 3I/ATLAS ser um artefacto tecnológico extraterrestre. Entre as anomalias apontadas estão:

Imagem: uol.com.br
- Trajectória que se cruza com Vénus, Marte e Júpiter, considerada estatisticamente improvável (0,005%).
- Periélio num ponto oculto pelo Sol, o que poderia favorecer manobras discretas.
- Diâmetro estimado até 20 km, superior ao do 1I/‘Oumuamua, mas ausência de cauda típica de cometas.
Embora a maioria da comunidade científica interprete o 3I/ATLAS como um corpo natural, Loeb argumenta que a possibilidade de tecnologia alienígena não deve ser descartada sem investigação directa. O cientista defende que o risco de ignorar um eventual emissário inteligente, benigno ou hostil, justifica o esforço adicional.
Observações continuam até ao fim do ano
A NASA afirma que o objecto permanecerá ao alcance de telescópios pelo menos até Dezembro e não representa ameaça para a Terra. Enquanto isso, a agência analisa a viabilidade técnica e energética de qualquer desvio de rota da Juno. Caso a proposta avance, a sonda acrescentaria uma derradeira etapa à sua missão, oferecendo dados inéditos sobre um visitante interestelar ainda envolto em mistério.