Excedente de energia renovável no Brasil atrai corrida de mineradoras de criptomoedas

Índices
  1. Geradoras procuram solução para excedente energético
  2. Projectos já anunciados e actores envolvidos
  3. Interesse alargado do sector eléctrico
  4. Desafios ambientais e regulatórios

Empresas de mineração de criptomoedas estão a intensificar contactos com produtoras de energia brasileiras para aproveitar a electricidade que hoje é desperdiçada, sobretudo de fontes eólica e solar.

Geradoras procuram solução para excedente energético

Vários anos de incentivos tarifários levaram a uma expansão da geração renovável no Brasil superior à capacidade de transmissão disponível. Algumas centrais chegam a perder até 70 % da produção, o que já custou cerca de mil milhões de dólares ao sector nos últimos dois anos, de acordo com associações empresariais.

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Neste cenário, a mineração de criptoactivos surge como consumidor flexível, capaz de ajustar rapidamente a carga e evitar picos na rede. Pelo menos seis negociações estão em curso para instalações de pequena e média dimensão e existe um projecto de grande porte, que poderá atingir 400 MW, segundo fontes ligadas às tratativas.

Projectos já anunciados e actores envolvidos

A Renova Energia confirmou o desenvolvimento de um investimento estimado em 200 milhões de dólares num parque eólico já operacional na Bahia. O plano prevê seis centros de dados, totalizando cerca de 100 MW, para um cliente cujo nome não foi divulgado.

Em Julho, a Tether – maior emissora mundial de stablecoins – revelou que pretende usar energia proveniente da recente aquisição da Adecoagro para alimentar um projecto de mineração de bitcoin no país.

Outros grupos internacionais também avaliam oportunidades. A Enegix, do Cazaquistão, estuda contratos no Nordeste, enquanto a Penguin, sediada no Paraguai, abriu negociações mas ainda sem detalhes públicos. A chinesa Bitmain, grande fabricante de equipamentos, analisa o mercado brasileiro através de conversas reservadas.

Interesse alargado do sector eléctrico

Produtoras como Casa dos Ventos (parceira da TotalEnergies) e Atlas Renewable Energy (GIP) confirmaram interesse em fornecer energia ou até operar directamente equipamentos de mineração. A Engie Brasil, a Auren Energia, bem como a Eletrobras, avaliam modelos de negócio que incluem a instalação de máquinas ASIC junto a microrredes com fontes eólica, solar e baterias.

Desafios ambientais e regulatórios

Apesar do potencial para reduzir o desperdício de energia, o avanço desta actividade levanta dúvidas sobre o consumo de água utilizado no arrefecimento dos equipamentos, especialmente em regiões sujeitas a períodos de seca. Além disso, o Brasil ainda não dispõe de regulamentação específica para a mineração de criptomoedas, factor que poderá influenciar o ritmo de expansão dos novos projectos.

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