Estados norte-americanos reforçam proibição de telemóveis nas escolas e relatam mais atenção em aula

Texas implementa proibição total durante o horário escolar
O ano letivo arrancou com uma mudança transversal às escolas públicas e charter do Texas: os telemóveis dos alunos ficam fora de uso desde o primeiro até ao último toque da campainha. A decisão insere-se numa tendência nacional que já abrange 31 estados e o Distrito de Colúmbia, segundo dados da Education Week.
Brigette Whaley, professora associada na West Texas A&M University, acompanhou ao longo de um ano a adoção da medida num liceu do oeste do estado. Os docentes inquiridos descreveram salas de aula mais equilibradas, maior participação e uma descida assinalável da ansiedade estudantil, atribuída ao desaparecimento do receio de serem filmados por colegas.
Salas mais participativas, mas aplicação nem sempre uniforme
Apesar do consenso entre a maioria dos professores, a eficácia da regra depende da consistência na aplicação. Num caso estudado por Whaley, um professor recusou-se a recolher os dispositivos, criando dificuldades aos restantes. Experiências semelhantes surgiram em Portland, Oregon, onde cada docente geria um cofre próprio para guardar telemóveis. Alex Stegner, professor de geografia, optou por trancar as caixas e garante que, pela primeira vez em dez anos, não perdeu tempo a perseguir dispositivos na sala.

Imagem: ww2.kqed.org
Yondr pouches: solução prática com custos elevados
Várias escolas recorrem a bolsas individuais de bloqueio magnético, conhecidas como Yondr pouches. O sistema, utilizado por cerca de dois milhões de estudantes nos Estados Unidos, transfere a guarda do aparelho para o próprio aluno, mantendo-o selado. Cada bolsa custa perto de 30 dólares; num estabelecimento como o Lincoln High School, com mais de 1 500 estudantes, o investimento torna-se significativo. Para apoiar a transição, o Delaware destinou 250 mil dólares a um programa-piloto que entra no segundo ano.
Professores aprovam, alunos resistem
Os inquéritos revelam um fosso de perceções: 83 % dos professores no Delaware defendem a continuidade da proibição, contra apenas 11 % dos estudantes. Entre as preocupações dos jovens surgem a impossibilidade de utilizar o telemóvel em períodos livres para trabalhos escolares, a perda de registos fotográficos do quotidiano e a dificuldade de contacto com os pais. Mesmo assim, várias direções acreditam que a resistência diminuirá à medida que os benefícios pedagógicos se tornem mais evidentes.