ChatGPT ganha modo de estudo e obriga rivais como Chegg a repensar estratégia

A OpenAI lançou um novo “study mode” no ChatGPT, posicionando-o como tutor virtual e acelerando a competição no mercado de apoio ao estudo.
IA invade rotina académica
O novo modo, apresentado na última semana, recorre ao método socrático, cria questionários e elabora planos de estudo personalizados. No mesmo dia, a Google revelou um conjunto de ferramentas com o mesmo propósito, sinalizando uma aposta concertada na comunidade estudantil.
Plataformas tradicionais em ajuste
Face ao avanço da inteligência artificial, empresas consolidadas procuram adaptar-se. A Chegg, conhecida pela venda de manuais e serviços digitais, despediu cerca de 250 trabalhadores (22 % da força laboral) em maio e concentra-se agora num serviço de subscrição por 19,99 dólares mensais, inspirado em aplicações de fitness: metas semanais e acompanhamento contínuo. A plataforma passou ainda a mostrar, lado a lado, a sua resposta e as de modelos externos como ChatGPT, Google Gemini e Claude.
Já a Macmillan Learning incorporou um tutor alimentado pelos seus próprios manuais. Em vez de fornecer respostas diretas, o sistema guia o aluno até à solução através de perguntas abertas, procurando reduzir trocas de separador e manter o foco no exercício.
Hábitos dos estudantes divididos
Investigação divulgada em julho aponta que 66 % dos alunos de licenciatura, mestrado e doutoramento utilizam o ChatGPT regularmente, embora mais de metade receie depender excessivamente da IA. Alguns combinam ferramentas: um recém-licenciado no Texas juntou ChatGPT, Quizlet e Socratic para criar resumos e estruturar ensaios, mas verificou correção apenas “em metade das vezes”, obrigando a validação cruzada. Outros, como uma doutoranda em literatura alemã, recusam recorrer a texto gerado por máquinas, defendendo a leitura crítica integral de obras.

Imagem: ww2.kqed.org
Resposta nas salas de aula
Docentes também ajustam práticas. Uma responsável de departamento numa universidade do Kentucky reforçou trabalhos manuscritos e presenciais para limitar plágio automatizado, embora use o ChatGPT para revisão de texto. Em Chicago, uma professora de marketing defende que a fronteira entre atalho legítimo e batota se tornou menos clara, exigindo orientação contínua aos alunos.
A convergência entre IA generativa e educação parece, assim, irreversível. Enquanto as startups tecnológicas aceleram, os actores tradicionais reformulam serviços e as universidades redefinem regras para equilibrar eficiência e aprendizagem profunda.