Ensinar neurociência a crianças gera 97% de sucesso escolar numa escola do Texas

Uma escola primária de Dallas está a usar aulas diárias de neurociência e técnicas de atenção plena para melhorar o aproveitamento académico e o bem-estar emocional dos alunos.

Estratégia inclui música, respiração e modelos do cérebro

A Momentous School, frequentada por 225 crianças maioritariamente de famílias com baixos rendimentos, dedica parte de cada dia letivo a explicar como o cérebro funciona. As actividades começam no pré-escolar com The Brain Song, cantada ao ritmo da canção “Bingo”, e exercícios de respiração com peluches sobre o abdómen. Nos anos seguintes, os alunos aprendem a acalmar-se contando lentamente os dedos enquanto inspiram e expiram.

As salas de aula dispõem de modelos tácteis do cérebro para identificar a função de zonas como o córtex pré-frontal, associado à resolução de problemas, ou o tronco cerebral, responsável pela respiração e pressão sanguínea. Segundo o Child Mind Institute, iniciativas semelhantes estão a multiplicar-se noutros pontos dos Estados Unidos com o objectivo de promover a auto-regulação.

Resultados académicos acima da média

Um estudo conduzido pela Momentous Institute e pelo Center for BrainHealth da Universidade do Texas em Dallas avaliou 73 antigos alunos que terminaram o secundário entre 2016 e 2018. Destes, 97 % concluíram o ensino secundário e 48 % obtiveram um diploma universitário. Para Jessica Gomez, psicóloga e directora executiva da Momentous Institute, a chave está em “normalizar a conversa sobre emoções” e dar estratégias para lidar com o stress.

Imagem: ww2.kqed.org

A escola, criada em 1997 e financiada por doações filantrópicas, organiza ainda sessões regulares para pais, nas quais são partilhadas técnicas de regulação emocional aplicáveis em casa. Rick Kinder, responsável pelo programa Wellness Works in Schools, afirma que o momento decisivo surge “quando as crianças percebem que conseguem acalmar-se apenas através da respiração”.

Contexto e implicações

Investigação independente indica que o ensino explícito sobre o cérebro pode aumentar a motivação e o desempenho escolar. Contudo, programas de aprendizagem socio-emocional têm sido alvo de debate público nos Estados Unidos. Gomez defende que o objectivo não é eliminar o stress, mas oferecer ferramentas que permitam gerir desafios quotidianos, reforçando a resiliência dos alunos e das suas famílias.