Escolas dos EUA juntam gerações e reforçam literacia cívica e leitura

Iniciativas intergeracionais em escolas norte-americanas estão a aproximar alunos e idosos, com ganhos já medidos em participação cívica, empatia e competências académicas.
Debates de cidadania em Massachusetts
A professora Ivy Mitchell, responsável por turmas de oitavo ano de Educação Cívica em Massachusetts, identificou falta de envolvimento dos estudantes na democracia. Para inverter a tendência, organizou um painel com cinco adultos séniores que relataram vivências como a Guerra do Vietname, o movimento dos Direitos Civis e a conquista dos direitos das mulheres.
Os alunos, previamente preparados para formular questões, quiseram saber «por que motivo pagamos impostos?» ou «como é viver num país em guerra?». Em sentido inverso, os convidados perguntaram aos jovens sobre inteligência artificial e voluntariado. Após a sessão, os estudantes pediram mais tempo de troca direta, sinalizando impacto positivo na perceção do valor do voto e da participação comunitária.
Escola primária dentro de lar em Oklahoma
No Oklahoma, a Jenks West Elementary funciona diariamente no interior de uma unidade de cuidados continuados. Crianças do pré-escolar e 1.º ciclo partilham refeições, leitura e actividades físicas com residentes, a quem chamam “grands”. O programa inclui sessões semanais de leitura a pares, monitorizadas por professores.
Dados da escola indicam que os alunos envolvidos registam resultados superiores em avaliações de leitura face a colegas noutros estabelecimentos. O convívio regular também melhora a presença nas aulas e a capacidade de adaptação a pessoas com mobilidade reduzida ou dificuldades de comunicação.

Imagem: ww2.kqed.org
Resultados confirmados pela investigação
Estudos citados pelas duas equipas educativas apontam que o contacto estruturado entre gerações reduz o isolamento de adultos mais velhos, aumenta a empatia dos jovens e fomenta maior intenção de voto futuro. Especialistas destacam a necessidade de preparar perguntas, evitar temas divisivos nos primeiros encontros e reservar tempo para reflexão posterior.
Embora algumas iniciativas exijam investimento – como a adaptação de edifícios ou a contratação de um elo permanente entre escola e lar –, docentes como Ivy Mitchell demonstram que bastam recursos mínimos para proporcionar conversas significativas dentro da própria sala de aula.
Os programas intergeracionais surgem, assim, como resposta prática à segregação etária, transformando experiências históricas dos mais velhos em conteúdos vivos que motivam as novas gerações para a cidadania e para o sucesso académico.