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Dunker alerta: uso de IA para namoro cresce 333% e põe relações humanas em causa

Christian Dunker, psicanalista e professor, analisou o impacto da inteligência artificial nas relações afectivas durante uma entrevista ao podcast Deu Tilt.

Formas de amor que envolvem máquinas

Dunker recordou o caso noticiado pelo New York Times de uma jovem de 28 anos que criou um «namorado virtual», com quem passa 56 horas semanais e para o qual gasta cerca de R$ 1,2 mil mensais numa versão premium do ChatGPT. Para o especialista, a situação ilustra que existem amores «fetichistas» ou mesmo «degradantes», agora estendidos às máquinas. O psicanalista reforçou que os algoritmos não são neutros: tomam decisões, carregam interesses e moldam comportamentos.

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Paquera digital dispara 333 %

O inquérito «Solteiros na América», conduzido pelo Instituto Kinsey em parceria com o Match Group, revela um aumento de 333 % no número de pessoas que recorrem a IA para melhorar perfis ou redigir mensagens de sedução. Dunker sublinha que essa «edição de si mesmo» já existia antes das plataformas, mas a dissonância entre a persona digital e a realidade tende a gerar conflito quando o contacto passa para o mundo físico.

Telemóvel como extensão do corpo

Segundo dados da Reviews.org, os norte-americanos consultam o smartphone em média 205 vezes por dia. Para Dunker, essa frequência mostra como o dispositivo se transformou numa extensão corporal ligada à busca imediata de prazer, reduzindo a tolerância à frustração.

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Imagem: uol.com.br

Terapia com chatbots ainda é limitada

O psicanalista compara a terapia conduzida por IA a um refrigerante: «bebe-se e continua-se com sede». Na sua visão, os chatbots respondem de forma quase sempre afirmativa e carecem da capacidade humana de questionar, elemento que considera essencial num processo analítico.

«Algoritmo 5 x 0 humanos»

Dunker descreve o actual desequilíbrio entre utilizadores e grandes empresas tecnológicas como uma goleada semelhante ao 7-1 do Brasil frente à Alemanha em 2014. Apesar de se declarar um «optimista sem esperança», defende o desenvolvimento de instrumentos críticos e colectivos para que as pessoas deixem de actuar de forma passiva perante as plataformas digitais.

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