YouTubers criam marcas próprias para travar dependência da publicidade

Os maiores nomes do YouTube estão a transformar-se em verdadeiros grupos empresariais, reduzindo a exposição às oscilações da receita publicitária e dos patrocínios. De snacks a produtos de beleza, os criadores investem em negócios paralelos que lhes garantem fluxos de caixa mais previsíveis e independentes de algoritmos.
Receitas voláteis impulsionam a mudança
A remuneração por anúncios no YouTube varia consoante atualizações de políticas e disponibilidade de campanhas, deixando muitos canais sem rendimento estável. Para mitigar esse risco, criadores com audiências de milhões optam por construir marcas que possam perdurar além da plataforma.
Alimentação torna-se terreno fértil
Jimmy Donaldson, conhecido como MrBeast (442 milhões de subscritores), iniciou a diversificação em 2018 com uma loja de merchandising. Três anos depois lançou a Feastables, cuja primeira tablete de chocolate gerou mais de 10 milhões de dólares nas primeiras 72 horas. Em 2024, a marca registou cerca de 250 milhões de dólares em receitas e 20 milhões de lucro, ultrapassando de forma expressiva o rendimento do seu conteúdo online. O criador prepara ainda o lançamento de um operador móvel virtual (MVNO) em parceria com uma grande operadora norte-americana.
A vlogger Emma Chamberlain (12 milhões de subscritores) fundou a Chamberlain Coffee em 2019. A marca, que inclui café em grão, cápsulas e latas prontas a beber, alcançou perto de 20 milhões de dólares em 2023 e prevê superar 33 milhões em 2025, após abrir o primeiro ponto de venda físico.
No segmento das bebidas energéticas, Logan Paul e KSI bateram recordes com a Prime, que passou 1,2 mil milhões de dólares em vendas em 2023. O ritmo abrandou em 2024, devido a escrutínio regulatório sobre o teor de cafeína e processos judiciais, mas o negócio continua a representar receitas muito acima das obtidas com visualizações.
Entre o público infantil, Ryan Kaji (quase 40 milhões de subscritores) ampliou o canal Ryan’s World com linhas de brinquedos e roupa que terão rendido mais de 250 milhões de dólares em 2020, além de uma série televisiva e uma aplicação educativa.

Imagem: Internet
Cosmética e utensílios reforçam portefólio
Na área da beleza, Michelle Phan co-fundou a subscrição Ipsy e lançou a sua própria linha EM Cosmetics. Já Huda Kattan criou a Huda Beauty em 2013, marca que gera centenas de milhões de dólares anuais e sobre a qual recuperou controlo maioritário em 2024.
A criadora culinária Rosanna Pansino (14,8 milhões de subscritores) expandiu o universo Nerdy Nummies com livros de receitas e utensílios de pastelaria vendidos em grandes retalhistas. Outros exemplos incluem o chef Andrew Rea, com Babish Cookware, e o duo Rhett & Link, com o cereal MishMash.
Ao assumirem o controlo de toda a cadeia de valor — conceção, fabrico e distribuição — estes criadores deixam de depender exclusivamente de anúncios e reforçam a sustentabilidade financeira perante eventuais alterações das plataformas digitais.
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