Coreia do Sul reforça defesa digital após ataques informáticos todos os meses

A Coreia do Sul, conhecida pela cobertura de banda larga quase universal e por gigantes tecnológicos como Samsung, LG e Hyundai, enfrenta uma sucessão de ataques informáticos que expôs lacunas críticas na sua proteção digital. Desde o início do ano, foi registado pelo menos um incidente grave por mês, atingindo retalhistas, telecomunicações, plataformas de emprego e instituições financeiras.
Ataques sucessivos expõem fragilidades
Entre os casos mais recentes estão:
GS Retail – violação de dados entre 27 de dezembro e 4 de janeiro, com informação pessoal de cerca de 90 000 clientes exposta.
Wemix – ataque a 28 de fevereiro resultou num prejuízo de 6,2 milhões de dólares em criptomoeda.
Albamon – comprometeu mais de 20 000 currículos a 30 de abril.
SK Telecom – roubo de dados a 23 milhões de clientes, quase metade da população, em abril.
Yes24 – ransomware a 9 de junho manteve serviços offline durante quatro dias; novo ataque verificado em agosto.
Lotte Card – intrusão entre julho e agosto expôs 200 GB de dados, afetando cerca de 3 milhões de titulares de cartões.

Imagem: Internet
Investigadores também atribuem ao grupo norte-coreano Kimsuky operações de espionagem com imagens geradas por IA contra organismos sul-coreanos e embaixadas estrangeiras.
Fragmentação institucional dificulta resposta
As ocorrências evidenciaram um sistema governamental disperso. Vários ministérios e agências atuam em paralelo, sem entidade claramente responsável pela primeira resposta, o que atrasa ações coordenadas. Para Brian Pak, diretor-executivo da empresa de cibersegurança Theori, esta estrutura “reativa” impede o desenvolvimento de defesas proativas e trava a formação de profissionais qualificados, escassos no mercado sul-coreano.
Plano interministerial em marcha
Perante a sucessão de incidentes, o Gabinete de Segurança Nacional anunciou em setembro um plano abrangente que reúne múltiplos organismos sob coordenação direta da Presidência. A proposta inclui poderes legais para investigar ataques logo que sejam detetados, mesmo sem denúncia das empresas afetadas.
Especialistas alertam, contudo, que concentrar toda a autoridade num “controlo presidencial” pode levantar questões de supervisão. O modelo sugerido por Pak combina um órgão central para definir estratégia e gerir crises com agências técnicas independentes, como a KISA, responsáveis pela execução.
O Ministério da Ciência e TIC garantiu que trabalha “para minimizar o impacto nas empresas e na população”, reconhecendo a necessidade de reforçar competências e processos face a ameaças cada vez mais sofisticadas.
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